Valorização da biodiversidade poderá conter a insustentabilidade
É preciso atribuir valor econômico à biodiversidade para que as espécies tenham importância no contexto social e econômico e não sejam destruídas com o avanço do desenvolvimento. Essa foi a defesa de especialistas e pesquisadores que participaram do debate sobre o impacto da biodiversidade na saúde humana, realizado no 1° Simpósio Nacional de Taxonomia e Biodiversidade, ontem (2), na Fundação Oswaldo Cruz, zona norte do Rio de Janeiro.
Na avaliação do professor da Universidade para o Desenvolvimento do Estado e da Região do Pantanal (Uniderp), Cléber Rodrigues Alho, não são todos que reconhecem elementos éticos que atribuem às espécies o mesmo valor à vida que aos humanos. Quando se mostram os argumentos econômicos dos serviços ecossistêmicos para economia mundial, para produção de fármacos e para saúde humana, é mais fácil convencer os tomadores de decisão, destacou.
O pesquisador chamou atenção para os gastos com a despoluição de fontes de água, que posteriormente serão repassados para o consumidor e lembrou da importância dos mangues - berçários de várias espécies utilizadas na gastronomia - e que são constantemente aterrados para instalação de empreendimentos como portos. É preferível que se mantenha um certo cuidado com os ecossistemas para não se fazer desaparecer espécies de valor comercial.
Em outra frente, o presidente da Sociedade Brasileira de Zoologia e pesquisador da Fiocruz, Paulo Sérgio DAndréa, destacou que a destruição de matas nativas, como ocorre no Pará com a substituição da Floresta Amazônica por monoculturas de açaí, além do crescimento desordenado de cidades e a exploração não sustentável de recursos naturais favorece a proliferação de doenças, em especial, as parasitárias, como a doença de Chagas e a hantavirose.
Tira-se a floresta e substitui-se por técnicas que visam o lucro imediatista. Consequentemente, chegam os problemas sociais de todas as grandezas. Quem paga o pato são as populações tradicionais e menos favorecidas. Mas os custos sociais [do tratamento em saúde e políticas de infraestrutura urbana"> e ambientais são divididos por todos nós, acrescentou.
Ao cobrar a valoração da biodiversidade, os pesquisadores lembraram que a biopirataria é o terceiro maior comércio ilegal no mundo, atrás do narcotráfico e do tráfico de armas. Há biopirataria porque existe a procura por produtos lucrativos, explicou Rodrigues Alho. Ele defendeu também mais investimentos em biotecnologia para se obter vantagens dos recursos naturais.
(EcoDebate)
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